A SEMENTE E OS FRUTOS
Olhando pela vidraça do meu apartamento, às seis da manhã, vejo a claridade surgindo de mansinho no horizonte, abaixo o chão cheio de prédios e casas. A penumbra cobre ainda grande parte das proximidades e as luzes das casas e semáforos vão sumindo também de mansinho.
Muito longe dali, no campo fresco, onde o orvalho desce suave, provavelmente o lavrador já se levantou e tomou o café da manhã. Já deve ter partido para o trabalho ou fuma o seu cigarrinho de palha à beira do fogão quente de lenha.
Suas mãos estão preparadas para um novo dia e vai lançar as sementes que resultarão em novos vegetais, que alimentarão muitas bocas famintas.
Lavrador que lança as sementes, só preocupando com o bom futuro que elas terão. Hoje somente cuida de sua manutenção, adubando-as e regando-as para que elas cresçam e deem frutos.
Assim também o lavrador da alma, do espírito. Lança as sementes de boa vontade no campo áspero da vida, com otimismo e alegria, não preocupando se o seu contentamento contagiará ou não os outros. É alegre, é otimista porque possui os dons que a providência divina lhe concedeu.
Vai adubar com carinho as circunstâncias que o envolverão no cotidiano. De manhãzinha, ao levantar, sente a claridade nova a lhe banhar os olhos e as faces. Fixa o horizonte com esperança e pensa no que poderá plantar durante o novo dia.
"Quem dera fosse ele o semeador da alegria na mente das pessoas", pensa e vai para o trabalho que o espera sempre, todos os dias.
Os ônibus começaram a circular já faz algum tempo e as pessoas, neles lotados, se agarram aos bancos ocupados, aos canos do teto. Tudo se desenvolve em uma sinergia de movimentos agitados.
O lavrador do campo, o "lavrador da cidade", todos são iguais na essência: lançam sementes que darão frutos de amor e carinho, que encham o estômago ou alimentem a alma.
O que importa para todos, é que da movimentação deles se desenvolverão as sementes que resultarão nos frutos.
13/07/2015